Para que este post sobre a viagem para Portugal e Bordeaux, não fique muito longo, será dividida em 3 posts, o primeiro sobre o período da chegada e alentejo até chegarmos à cidade do Porto, o segundo sobre o Porto, Douro e Minho, e o terceiro sobre Bordeaux e o retorno.
Em Portugal, como em outros países da Europa, são usadas numerosas castas de Vitis vinifera.
A vastíssima quantidade de castas nativas, cerca de 285, permite produzir uma grande diversidade de vinhos com personalidades muito distintas. O guia 'The Oxford Companion to Wine' descreve o país como um verdadeiro "tesouro de castas locais".
http://pt.wikipedia.org/wiki/Castas_portuguesas
13/05/2006 – Lisboa
Nesta viagem um casal de Brasília viajou conosco. Uma bela aquisição, muitos simpáticos e se encaixaram perfeitamente ao nosso grupo.
Chegamos em Lisboa e, no aeroporto, fomos recepcionados pela guia que se chamava Berta, ela nos esperava com uma placa onde estava escrito: “ENÓLOGOS DO BRASIL”. Explicamos que não éramos enólogos, mas sim enófilos. Amigos, amantes e estudiosos do vinho. Acho que este equívoco veio a calhar, pois fomos muito bem recebidos em todas vinícolas que visitamos, como verdadeiros enólogos.
Levamos nossa bagagem para o hotel, no qual passamos somente uma noite.
Do quarto tínhamos a vista do Aqueduto das Águas Livres.
HOTEL OLISSIPO MARQUES DE SÁ, Av. Miguel Lombarda , 130 – Lisboa – código postal – 1050-167, Tel.: 217 911 014 217 936 983.
Saímos logo em seguida para dar uma volta em Lisboa.
Pegamos o metrô e fomos para a cidade baixa onde pegamos o Eléctrico 28.
Foto do Electro 28
Chegando na cidade alta, fizemos uma parada para lanchar, comemos pastel de nata (pastel de Belém). Descemos caminhando pelo bairro de Alfama e ouvimos, em uma tasca, um show de fado. Voltamos de táxi e avistamos a Ponte 25 de abril, o Convento de São Jorge e a Torre de Belém.
Bairro da Alfama
Jantamos no Solar dos presuntos, onde comemos bacalhau com batatas ao murro, muito bom e bem apresentado. Já no primeiro dia, descobrimos os doces portugueses, muito bons. Bebemos um vinho Quinta Foz de Arouce tinto 2002, água mineral (água do fastio, ;-)) e vinho do porto Taylor's reserva 1989 com a sobremesa. Ganhamos as taças do Solar dos Presuntos para recordação.
http://www.solardospresuntos.com/
Sobremesas portuguesas
14/05/2006 – Lisboa/Évora
Após o café da manhã, saímos do hotel em direção a Évora. No caminho paramos em um posto para um lanche e irmos ao toilete. Uma amiga do grupo, quis bater uma foto de perto de uma flor de cacto, só que ela se aproximou tanto que saiu com a bunda cheia de espinhos, então ela foi com outra colega do grupo ao banheiro para tirar os espinhos, eis que entraram no banheiro muitas mulheres de um ônibus de excursão alemão que vendo aquilo, não entenderam nada. Foi uma situação no mínimo estranha (na verdade, muito engraçada) e nós rimos muito naquele momento e até hoje é motivo de muitas risadas.
O cacto, sua flor e seus espinhos
Os vinhos do Alentejo são macios, quentes e envolventes, elaborados a partir de 6 castas principais: 3 brancas (Roupeiro, Rabo de Ovelha e Antão Vaz) e 3 tintas (Periquita, Trincadeira e Aragonez).
Fomos direto à Reguengos para visitar e provar vinhos e azeites na Herdade do Esporão.
Na frente da propriedade tinha a Torre do Esporão edificada pelo Morgado D. Álvaro Mendes de Vasconcelos, entre os anos 1457 e 1490.
http://www.esporao.com/PT/Pages/Index.aspx
Visitamos as instalações da vinícola, a cave, as vinhas e as cubas de aço inox. A degustação foi maravilhosa com uma boa explicação sobre a compatibilização de vinho com comidas. Foram servidos os vinhos Linha Defesa branco, Linha Defesa Tinto com queijos de ovelha e linguiças/salsichas. Degustamos ao todo 8 vinhos, sendo 6 varietais (de uma só casta): Linha Defesa branco, Linha Defesa Tinto, Verdelho 2005, Trincadeira 2003, Aragonês 2003, Syrah 2003, Touriga Nacional 2003 e Alicante Bouschet 2003. Almoçamos lá mesmo na Herdade Esporão.
Após o almoço, seguimos para a cidade de Redondo e lá fizemos uma visita com degustação na Adega Cooperativa Redondo. É uma associação de viticultores fundada em 1956. Os vinhos provados foram Porta da Revessa branco, Anta da Serra Branco, Porta da Revessa Rosé, Porta da Revessa Tinto, Anta da Serra Tinto 2004 e AcR Reserva 2003.
Tanques de concreto
Alguns vinhos são fermentados em tanques de concreto, pintados com tinta epóxi, redondos que ficam ao ar livre e que chamou muito a nossa atenção.
Fomos para o hotel em Évora, HOTEL DON FERNANDO, Av. Dr. Barahona, 2, 7000-756 Évora, Tel.: (+351) 266.737.990. http://www.grupofbarata.com/pt/
Quando estávamos chegando ao hotel encontramos um toureiro português devidamente trajado, então a Berta explicou a diferença da tourada portuguesa e a espanhola: na espanhola, o touro morre no fim, e na portuguesa, não (mas depois o touro é encaminhado para um matadouro).
15/05/2006 – Evoramonte / Sousel / Estremoz / Vila Viçosa / Borba
Após o café da manhã fomos à Estremoz. No caminho visitamos a freguesia de Evoramonte e seu castelo do século XII. Uma pequena cidade murada bem preservada com as todas casinhas pintadas de branco. De lá tivemos uma bela vista do alentejo pois está situada no ponto mais alto da serra de Ossa. Vimos muitas flores e papoulas floridas, além de muitos sobreiros e azinheiros. O azinheiro e o sobreiro são árvores. Do azinheiro usa-se a madeira e o fruto, a bolota, que é dados de alimento aos animais. Destaca-se o porco negro do qual se faz na Espanha o Jamon pata negra. Já o sobrero é a árvore de onde se produz cortiça. A cortiça é a casca da árvore que é retirada inteira da árvore. Após 9 anos é possível retirar novamente a cortiça. Portugal é o maior produtor de cortiça do mundo. Após a retirada da casca, é pintado o últmo número do ano para controle da próxima “colheita”.
Evoramonte
Depois fomos à Herdade do Mouchão. Lá fomos recebidos por Paulo Laureano o enólogo da Herdade Mouchão, muito simpático e com um bigodão. Os vinhos melhores da Mouchão são os que ficam nos tonéis 3 e 4, mas já estava esgotado. Degustamos um Dom Rafael branco 2003, Dom Rafael tinto 2004, Mouchão 2002, Mouchão 1979 e Mouchão 1985. Excelentes vinhos.
http://www.mouchaowine.pt/#/home/
Degustação na Herdade Mouchão
Enólogo da Herdade Mochão
Almoçamos em Vila Viçosa. Comemos pratos típicos alentejanos, tais como Burras ao forno com batatas ao murro. A burra é a bochecha do porco. Muito interessante, foi servido com o maxilar, com dentes e tudo o mais. Bebemos um Mouchão 2002 que havíamos comprado na Herdade.
Em Estremoz, visitamos o centro histórico a Pousada de Estremoz - Rainha de Santa Isabel, a torre e a estátua da Santa Isabel. A Santa Isabel foi infanta portuguesa do século XII, rainha de Portugal, casada com D. Dinis I de Portugal, em 1282. Após a morte do marido, ela se recolheu no Convento de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra.
Templo romano de Évora
Retornamos a Évora, onde visitamos o muro medieval, o aqueduto Água da Prata, o templo romano, a Igreja de São Francisco e a capela dos ossos. Na porta de entrada da capela estava escrito: “Nós, ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos”. Que mórbido... As paredes eram revestidas com ossos humanos, fêmures e crânios, principalmente. Tinha também uma mãe e o filho mumificados, pendurados na parede.
Capela dos ossos
De noite jantamos uma sopa verde (de coentro) e um prato de peixe.
16/05/2006 – Igrejinha
De manhã visitamos Arraiolos, no caminho vimos campos com florzinhas roxa. Lá visitamos a fonte da pedra e na praça vimos um pelourinho e a cooperativa onde as tapeceiras fazem os famosos tapetes de arraiolo.
Então, fomos para a Herdade dos coelheiros, em Igrejinha. Esta herdade era uma antiga propriedade onde os reis de Portugal vinham para caçar. Tinha uma sala com animais empalhados. Fomos recebidos pela proprietária. Visitamos a propriedade e vimos a plantação de sobreiros, nogueiras e os vinhedos. Fizemos uma prova de vinhos e almoçamos na herdade. Os vinhos provados foram: Garrafeira 2001, Tapada dos coelheiro 2003, Vinha da Tapada 2004, Chardonnay 2004 Tapada dos coelheiros, Tapada dos coelheiros 2004. Dentre os pratos servidos, tinha carne de servo cozido. http://www.herdadecoelheiros.pt/index1.htm
Degustação na Herdade dos Coelheiros
Visitamos o Museu do Mármore em Vila Viçosa, o qual ficava em uma antiga estação de trem e havia a exposição de esculturas feitas em mármore.
17/05/2006 – Tomar/Fátima/Porto
Após o café da manhã partimos de Évora com destino à cidade do Porto. No caminho paramos em Tomar e visitamos o Convento de cristo. Vimos na beira da estrada um senhor tirando a casca de um sobreiro. Paramos para fotografar, filmar e ver, ganhamos um pedaço da casca (a cortiça).
Extração de cortiça do sobreiro
Em Tomar, visitamos o Convento de Cristo, construção iniciada em 1160, era um castelo templário.
Hoje é um espaço cultural, turístico e devocional. A arquitetura partilha traços românicos, góticos, manuelinos, renascentistas, maneiristas e barrocos. Tivemos as devidas explicações da Berta, chamando a atenção do altar em formato octogonal, as esculturas de alcachofras nas paredes e a Janela do Capítulo, o mais conhecido exemplo de arquitetura manuelina, ilustrativo do naturalismo exótico e do uso de pormenores marítimos como cordas.
Convento de cristo, Tomar
No almoço, fizemos um pic-nic. Tínhamos pães, presunto cru, queijos, frutas e vinho, naturalmente.
Após o almoço, visitamos uma sinagoga do século XV. Nesta época os judeus foram obrigados a se converter em cristãos, os cristãos novos. Como não podiam manter as suas tradições, tiveram que ser criativos e inventaram um linguiça sem carne de porco, no lugar punham farinha com corante. Esta linguiça ainda é feita e conhecida como farinheira.
Então fomos com nosso micro-ônibus (que em Portugal é chamado de minibus) para Fátima. Visitamos a praça, a igreja de Nossa Senhora de Fátima e assistimos uma missa. Vimos em Fátima um pedaço do muro de Berlim.
Depois seguimos para a cidade do Porto e fomos direto para nosso hotel, o Porto Hotel Quality Inn, Praça da Batalha, 127, Tel.: (+351) 223.392.300, http://viajar.clix.pt/com/h.php?hid=1581&lg=pt
Veja também:
Viagem para Portugal (parte 2, Porto e Vila Nova de Gaia)
Viagem para Portugal (parte 3, Minho e Douro)
Bordeaux